Encerrada a cúpula do G20 de 2/4 último, observa-se que o “receituário” dos países imperialistas diante da crise continua o mesmo enquanto se agrava o quadro econômico. Do último G20, de novembro, para este, seis meses depois, continua a tensão no seio do imperialismo, enquanto cresce, de fato, o protecionismo (registra-se a primeira queda do comércio exterior em 30 anos) e não aparecem outras propostas dos chefes do capitalismo que não sejam a de salvar a grande finança e aumentar a rentabilidade das grandes corporações por meio de demissões, enxugamentos (afora um ou outro plano assistencialista débil).
Salvar o grande capital financeiro tem se traduzido na injeção maciça de recursos públicos “no mercado financeiro”, seja através da estatização parcial de grandes grupos, do reforço financeiro do FMI ou da compra direta de ativos podres (durante a reunião do G20, o governo Obama autorizou bancos a eles mesmos precificarem – atribuírem preços – aos ativos podres, legitimando assim o cassino, a fraude contábil). Em todos os casos, cresce o endividamento público do imperialismo, sobretudo dos Estados Unidos. Os Estados Unidos querem fazer crescer o caixa do FMI pressionando outros governos a fazê-lo em seu lugar; o FMI da velha ordem mundial, cuja política foi e será a de “impedir” que certos Estado quebrem – como o México e o Leste europeu, em ruínas – só que por meio da política de submetê-los mais à pressão da espoliação em favor da grande finança.
A divergência com o imperialismo alemão (e francês, em parte) tem a ver com o mesmo motivo que tensionou a relação entre Europa, Japão e Estados Unidos em vários outros itens como o protecionismo, por exemplo: quem vai pagar mais e quem pagará menos a conta da crise.
Por isso a divergência: Alemanha (também França) pressiona por alguma regulamentação do capital financeiro, contra os paraísos fiscais; por essa via tentam que o imperialismo norte-americano pague parte da conta. Mas atuam dentro de certos limites, tanto eles quanto os Estados Unidos, seja porque há sério risco de quebras de grandes bancos e Estados europeus (Itália com o mais forte déficit público europeu, Áustria, Suíça, Suécia), seja porque economias endividadas e falidas da Europa do Leste são bombas-relógio políticas que podem repercutir sobre a Europa Ocidental (a economia da Alemanha está integrada, em parte, ao Leste). O grande capital ocidental está fortemente exposto nas economias do Leste.
De toda forma temos, por um lado, a resposta do sistema procurando salvar os grandes capitais, a finança (daí a “revitalização” do FMI) e, ao mesmo tempo, receoso de qualquer resistência popular, greves e até revoluções. E, no fundo de tudo, a dinâmica de uma crise que, até por sua gravidade histórica, os agentes do capital não podem controlar ou impedir seu desenvolvimento (rumo a uma ampla destruição de forças produtivas, única para tentar recuperar lucro médio para o capital).
Continua a marcha da desagregação do velho equilíbrio capitalista que vinha desde os anos 70 lado a lado com crescente agravamento dos elementos parasitários do sistema que agora explodem. Continua o sistema sem outra resposta que não seja descarregar a crise sobre o mundo do trabalho. Agudiza-se a necessidade política dos trabalhadores se assumirem como sujeito e varrerem a causa de todas as crises, o capital.
Gilson Dantas 18-4-9
quinta-feira, 7 de maio de 2009
Curso em Goiânia
Realizamos nos dias 14 e 21 de março de 2009 o curso de formação política intitulado Introdução a O Capital de Karl Marx com carga horária total de 20 horas, através de convênio SINTSEP (Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Federal do Estado de Goiás) e CEPEC (Centro Popular de Estudos Contemporâneos) com presença de dezenas de companheiros, debate fecundo e onde foram examinadas bases e os fundamentos da obra-prima de Karl Marx e sua contemporaneidade.
Gilson Dantas, março 2009.
Gilson Dantas, março 2009.
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